Juliana Martins Ferreira
Helenice Maria Tavares
O tema deste trabalho foi estabelecido a partir de observações informais no nosso cotidiano e, também, no dia-a-dia das escolas. Verifica-se que há uma discussão intensa sobre o tema da agressividade e da violência, não só na sociedade em geral, mas também, nas instituições escolares, através do bullying, onde a presença de comportamentos agressivos tem sido cada vez mais forte.
Diante desse contexto, avalia-se a necessidade urgente não só de debatermos e compreendermos o bullying como também elaborarmos, em conjunto, ações que possam ser desenvolvidas junto aos alunos, às suas famílias, às escolas e à sociedade de modo mais amplo, a fim de minimizá-lo.
O primeiro contato com o conceito de bullying surpreendeu-nos, devido às diversas formas de violência que hoje encontramos nas escolas. Para tanto, apontamos como questões norteadoras deste trabalho, as seguintes perguntas: Qual o conceito que se tem sobre bullying? Que ações a escola deve desenvolver diante dos comportamentos agressivos na instituição? Qual o papel da família diante dos comportamentos agressivos? Quais as causas mais comuns de agressão no ambiente escolar? Responderemos a estas perguntas considerando a sentença profundamente significativa de Comte: “a violência gera a violência; só o amor constrói para a eternidade” (CARDOSO, 1967, p. 39). Pois, segundo a autora, a agressividade pode ser uma resposta do educando a várias questões que o incomodam, tais como: timidez, medo, cólera, etc; dado que “o homem é, sobretudo um reflexo do ambiente em que passou sua infância; este lhe imprimiu sua marca para toda a vida” (CARDOSO, 1967, p. 40).
Diante desta situação, este artigo possui como objetivo, conscientizar aos pais, professores e demais profissionais da educação sobre a importância da construção de ações preventivas, diagnósticas e de atuação à comportamentos de bullying nas escolas, transformando atitudes agressivas em companheirismo e solidariedade, respeito e amizade. Além de orientar os mesmos quanto ao enfrentamento a esta violência, habilitando os agressores a uma convivência social sadia e segura.
Para concretizar este objetivo, apresenta-se como proposta metodológica a pesquisa bibliográfica, a qual possibilita um amplo alcance de informações e permite a utilização de dados na construção do texto. Segundo Gil:
{citação}A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (1999, p. 65). {citação}
Devido o bullying evidenciar-se no ambiente escolar, entendemos este comportamento como uma forma de o indivíduo se reafirmar ou de se impor diante das regras da instituição e das pessoas com quem convive.
Para o melhor entendimento do tema consideramos imprescindível abordar o conceito de bullying, descrever e apontar os conhecimentos acerca da agressividade no ambiente escolar, tendo como ponto de partida a própria raiz do termo, abordando algumas razões da agressividade.
Bullying, palavra de origem inglesa que tem como raiz o termo bull, “é um termo utilizado para designar pessoa cruel, intimidadora e/ou agressiva” (GUIMARÃES, 2009, s.p.). Este termo ganha importância no século XXI, após anos de existência. O bullying se apresenta enquanto prática de violência sem motivo aparente e que possui como local específico, as escolas. Entretanto, esta violência pode ser mascarada pelas brincadeiras (mesmo que de mau gosto) ou informadas pelos agressores como acidentes. Mas, o que se presencia são cenas de terror e agressões graves exercidas sobre outros alunos e preocupa educadores, pais e juristas.
O ato bullying “ocorre quando um ou mais alunos passam a perseguir, intimidar, humilhar, chamar por apelidos cruéis, excluir, ridicularizar, demonstrar comportamento racista e preconceituoso ou, por fim, agredir fisicamente, de forma sistemática, e sem razão aparente, um outro aluno” (RAMOS, 2008, p. 1).
Diante desse conceito é necessário que pais e educadores não ignorem o bullying. À justiça, “cabe intervir a fim de manter os princípios morais e sociais que todo cidadão tem direito” (GUIMARÃES, 2009, s.p.), pois conforme descreve o artigo 5º da Constituição Federal de 1988: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988, s.p.).
Todavia, é importante ressaltarmos que a cultura a qual pertencemos possui grande influência em nosso comportamento, e portanto, pode influenciar nas agressões relatadas pelas vítimas de bullying. Diante desta situação, coloque-se em evidência o entendimento do que é cultura para Amoretti (1992, p. 122) e que se identifica com o ato bullying. A cultura deve ser entendida:
{citação} Como sendo o conjunto de sentidos e significações, de valores e padrões, incorporados e subjacentes aos fenômenos perceptíveis de ação e comunicação de um grupo humano concreto. Este conjunto é vivido pelo grupo e por ele assumido como expressão própria de sua realidade humanosocial. É um conjunto que passa de geração a geração, conservado como foi recebido, ou transformado, efetiva ou pretensamente, pelo próprio grupo (AMORETTI, 1992, p. 122). {citação}
Com este conceito entendemos que a cultura da violência pode ser empreendida em uma sociedade ou em um grupo social que dissemine este tipo de comportamento. Este conjunto que é disseminado pode ser crescente nas escolas provocando a prática violenta caracterizada pelo bullying. Neste sentido, podemos atentar se as condutas exasperadas são de ordem sociais, familiares ou outro problema de distúrbio de ordem psicológica por parte do agressor.
REFERÊNCIAS
AMORETI, R (org.). Psicanálise e Violência: Metapsicologia – clínica – cultura. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 152p.
BEAUDION, M; THAYLOR, M. Bullying e Desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. 1. ed. Porto Alegre: Artmed. 2006. 232p.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. promulgada em 1988. Brasília, DF. Disponível em:
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